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Farmacocinética

Apesar da similaridade estrutural entre a hipericina, a pseudohipericina e a hiperforina, estas apresentam farmacocinéticas distintas.

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Para determinar a farmacocinética destes compostos, realizaram-se estudos em que se administrou oralmente doses únicas (300 - 1800 mg) de extrato de hipericão seco, a voluntários saudáveis. De seguida, mediram-se os níveis plasmáticos de hipericina, tendo-se detetado uma concentração plasmática máxima desta por volta da 1h 18 min e um steady-state por volta dos 4 dias. O tempo de semi-vida da hipericina no plasma foi elevado (25 horas), estando este à elevada afinidade para a albumina e lipoproteínas.

 

Apesar da biodisponibilidade da hipericina ser de aproximadamente 14%, a concentração terapêutica da mesma no cérebro permanece desconhecida. No entanto, tem sido sugerido que os seus níveis no cérebro atingem apenas 5% dos níveis plasmáticos, embora o tempo de semi-vida no cérebro poderá ser de semanas.

 

Para determinar a farmacocinética da pseudohipericina, procederam também à administração de doses únicas orais de 300, 900 e 1800 mg de extrato standartizado de hipericina e pseudohipericina, tendo obtido concentrações plasmáticas de 2,7, 11,7 e 30,6 ng/mL, respetivamente, tendo estas sido atingida por volta das 0,4 - 0,6 h.


Já no que diz respeito à farmacocinética da hiperforina, administrou-se oralmente 300, 600 e 1200 mg de 2 extratos alcoólicos diferentes, em que o pico plasmático foi alcançado após 2,8 - 3,6 h. Assim, a farmacocinética da hiperforina foi linear em doses até aos 600 mg, observando-se que com o aumento da dose, as concentrações plasmáticas foram mais baixas que as expectáveis. Com a utilização de doses repetidas de extrato, não se verificou acumulação de hiperforina. A concentração plasmática no steady-state, após a toma de 90 mg/dia de extrato, foi de aproximadamente 100 ng/mL, com um tempo de semi-vida de 9 horas.

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Embora o fraco perfil farmacocinético do extrato de hipericão (baixa biodisponibilidade (15-20%) e fraca penetração da barreira hemato-encefálica) foi estabelecido o seu uso por um período de tratamento de 4 a 6 semanas, tipicamente requerido para alcançar benefício terapêutico. Deve-se ter em conta que os antidepressivos convencionais com melhores perfis farmacocinéticos também requerem um período de tratamento semelhante, antes dos efeitos terapêuticos se manifestarem.

Tabela 1: Farmacocinética da hipericina, pseudohipericina e hiperforina, componentes do extrato de Hypericum perforatum. Adaptado

[1] Russo, Emilio, et al. "Hypericum perforatum: pharmacokinetic, mechanism of action, tolerability, and clinical drug–drug interactions." Phytotherapy research 28.5 (2014): 643-655

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