top of page

Tipos de toxicidade

 

Grávidas e mulheres que amamentam

​

O hipericão (Hypericum perforatum) contém hipericina e hiperforina, bem como flavonóides, como a quercetina. Muitas vezes as mulheres tomam hipericão, pois é muito frequente estas desenvolverem depressão pós-parto.

 

Tanto a hipericina como a hiperforina são mal excretadas no leite materno. Um estudo encontrou um ligeiro aumento da frequência de cólicas, sonolência e letargia entre lactentes amamentados, cujas mães tomavam a erva de São João, mas nenhum dos efeitos foi grave. A maioria dos relatos refere-se à amamentação de lactentes, uma vez que durante os primeiros 2 meses pós-parto, é quando os lactentes são mais suscetíveis a reações adversas [1].

​

Um estudo revelou que o tratamento crónico com Hypericum perforatum durante a gestação ou lactação pode ser responsável por alterações histológicas no fígado e rim de ratos [2].

 

Outros estudos revelam abortos e malformações nos fetos, mas estes números não são significativos [3].

A falta de dados relativos à segurança do hipericão durante a gravidez e o aleitamento sugere cuidados na toma deste, devendo-se evitar o seu consumo, se possível.

 

​

Fototoxicidade

Tanto a hipericina como a pseudo-hipericina, e a hiperforina são pigmentos fotodinâmicos com vários efeitos biológicos.

A reação foto-oxidativa destes compostos, investigada in vitro, é capaz de produzir uma espécie reativa de oxigénio podendo, portanto, causar oxidação de lipídios ou proteínas, com consequente disfunção da membrana [4].

 

Os constituintes da erva de São João: hipericina, pseudo-hipericina e hiperforina podem atuar como fotoirritantes. Os máximos de absorção da hipericina estão entre λ = 558 - 550 nm (luz visível) e 330 nm (UV-A) [5].

Além de danificar diretamente as membranas do axónio, o stress oxidativo também ativa o canal transitório do catião potencial do recetor (TRP) A1, um canal de iões permeável ao cálcio expresso em neurónios sensoriais periféricos envolvidos na nociceção e dor neuropática. A ativação da TRPA1 pode, portanto, explicar a neuropatia fototóxica observada.

 

Estudos revelam que o risco de se desenvolver neuropatia induzida pelo hipericão durante o tratamento a longo prazo com altas doses, e exposição à luz solar está quase exclusivamente presente nas mulheres [6].

​

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

​

​

Síndrome Serotoninérgico

Uma preocupação primária associada ao uso de Hypericum perforatum é o síndrome serotoninérgico, uma condição potencialmente fatal que decorre da estimulação serotoninérgica excessiva.

 

É caracterizado por pelo menos três dos seguintes sintomas: confusão, agitação, diaforese, tremores, náuseas, diarreia, falta de coordenação, febre, coma, rubor ou rabdomiólise.

​

Geralmente é causada pelo uso de determinados fármacos (ex. inibidores seletivos da recaptação da serotonina), interações medicamentosas, auto-intoxicação intencional ou intoxicação deliberada. De facto, muitas combinações de fármacos foram associadas ao síndrome serotoninérgico [7].

 

Figura 1: Mecanismo de fototoxicidade 

Figura 2: Síndrome Serotoninérgico 

[1] http://toxnet.nlm.nih.gov/cgi-bin/sis/search2/r?dbs+lactmed:@term+@DOCNO+862 , consultado em 30/04/2017

[2] Russo, E., Scicchitano, F., Whalley, B. J., Mazzitello, C., Ciriaco, M., Esposito, S., ... & Mammì, M. (2014). Hypericum perforatum: pharmacokinetic, mechanism of action, tolerability, and clinical drug–drug interactions. Phytotherapy research, 28(5), 643-655.

[3] Moretti, M. E., Maxson, A., Hanna, F., & Koren, G. (2009). Evaluating the safety of St. John's Wort in human pregnancy. Reproductive Toxicology, 28(1), 96-99.

[4] Brockmöller, J., Reum, T., Bauer, S., Kerb, R., Hübner, W. D., & Roots, I. (1997). Hypericin and pseudohypericin: pharmacokinetics and effects on photosensitivity in humans. Pharmacopsychiatry, 30(S 2), 94-101.

[5] Bove, G. M. (1998). Acute neuropathy after exposure to sun in a patient treated with St John's Wort. The Lancet, 352(9134), 1121-1122.

[6] Hohmann, N., Maus, A., Carls, A., Haefeli, W. E., & Mikus, G. (2016). St. John’s wort treatment in women bears risks beyond pharmacokinetic drug interactions. Archives of toxicology, 90(4), 1013-1015.

[7] Russo, E., Scicchitano, F., Whalley, B. J., Mazzitello, C., Ciriaco, M., Esposito, S., ... & Mammì, M. (2014). Hypericum perforatum: pharmacokinetic, mechanism of action, tolerability, and clinical drug–drug interactions. Phytotherapy research, 28(5), 643-655.

bottom of page